A Ilegalidade dos Empréstimos Consignados Não Autorizados 

e os Direitos do Consumidor

 

A prática de realizar empréstimos consignados sem a devida autorização do consumidor configura uma grave violação dos seus direitos, gerando prejuízos financeiros e emocionais. Este artigo busca analisar os aspectos jurídicos envolvidos nessa questão, bem como os mecanismos de proteção disponíveis ao consumidor.

 

Natureza do Empréstimo Consignado e a Necessidade de Autorização Expressa

 

O empréstimo consignado é uma modalidade de crédito em que as parcelas são descontadas diretamente do salário ou benefício do contratante. Essa característica confere maior segurança à instituição financeira, resultando em taxas de juros geralmente mais baixas. No entanto, a legislação exige que a contratação seja realizada mediante autorização expressa do consumidor, conforme previsto no artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que garante o direito à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.  

A ausência de autorização expressa torna o contrato nulo de pleno direito, conforme o artigo 166, inciso IV, do Código Civil, que estabelece a nulidade do negócio jurídico quando não revestir a forma prescrita em lei.

 

Práticas Abusivas e a Responsabilidade das Instituições Financeiras

 

A realização de empréstimos consignados sem autorização configura prática abusiva, nos termos do artigo 39, inciso V, do CDC, que veda o fornecedor de produtos ou serviços de exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. Além disso, o artigo 14 do CDC estabelece a responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação dos serviços, independentemente da existência de culpa.  

As instituições financeiras, ao negligenciarem a verificação da autorização do consumidor, assumem o risco de causar prejuízos, devendo responder pelos danos materiais e morais decorrentes dessa conduta.

 

Direitos do Consumidor e Medidas Judiciais Cabíveis

 

O consumidor lesado por um empréstimo consignado não autorizado possui diversos direitos, incluindo:

 

  • Cancelamento do contrato: O consumidor pode requerer a nulidade do contrato e o cancelamento dos descontos em seu salário ou benefício.

 

  • Restituição dos valores descontados: O consumidor tem direito à restituição em dobro dos valores descontados indevidamente, conforme o artigo 42, parágrafo único, do CDC.

 

  • Indenização por danos morais: A prática abusiva pode gerar danos morais ao consumidor, especialmente em casos de aposentados e pensionistas, que dependem do benefício para sua subsistência.

 

  • Medidas judiciais: O consumidor pode ingressar com ação judicial para buscar a tutela de seus direitos, incluindo pedidos de liminar para suspensão imediata dos descontos e de indenização por danos materiais e morais.

 

A Importância da Orientação Jurídica Especializada

 

Diante da complexidade da legislação e da necessidade de comprovar a ausência de autorização, é fundamental que o consumidor busque orientação jurídica especializada. Um advogado com experiência em direito do consumidor poderá analisar o caso concreto, reunir as provas necessárias e ingressar com as medidas judiciais cabíveis para garantir a proteção dos direitos do consumidor.  

 

Conclusão

 

A prática de realizar empréstimos consignados sem autorização é ilegal e abusiva, violando os direitos do consumidor. As instituições financeiras devem adotar medidas rigorosas para garantir a autorização expressa do consumidor em todas as etapas da contratação. O consumidor lesado deve buscar seus direitos, contando com o auxílio de um advogado especializado para garantir a justa reparação pelos danos sofridos.